quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ECOLOGIA E MISSÃO


30. ECOPEDAGOGIA
Tudo começa na infância. “De pequenino se torce o pepino”, reza o provérbio. Se as crianças se educam em meio a doentio consumismo e exigem cada vez mais coisas, a luta ecológica anda perdida. Falta-nos construir uma pedagogia em vista da ecologia.
Pedagogia pretende conduzir a criança em direção à maturidade humana, segundo a etimologia. Dois termos da definição merecem reparo: conduzir e maturidade. Conduzir denota indicar o caminho ou até mesmo forçar a pessoa a segui-lo. Assim se pensou a pedagogia durante muito tempo. Uma revolução pedagógica preferiu apostar na autonomia, na criatividade e na liberdade do educando, de maneira que o pedagogo se comporta antes como indutor do que existe no formando.
Numa relação bilateral, tal concepção seduz-nos. Mas acontece que a criança não chega ao pedagogo como terreno virgem ou simplesmente carregando potencialidades positivas. A cultura dominante a disputa todo tempo. E injeta nela, desde cedo, atitude de fruição crescente de bens materiais, sem mínima consideração da consequência de tal prática. Nesse momento, só uma pedagogia que intervenha diretamente com outra visão consegue corrigir o desequilíbrio.
E a maturidade: que significa? De novo, a ambiguidade. Às vezes, identifica-se simplesmente com a autonomia, com a capacidade de tomar decisão por si mesmo. Ótimo. Mas ela não se constrói no vazio. As decisões se tomam no concreto da cultura presente de uma sociedade. E, se esta se impregna de consumismo, alguém pode pensar que se faz maduro consumindo. Consumo, logo existo. De novo, cabe intervenção pedagógica que mostre outro tipo de maturidade. Maduro significa ser crítico diante das ilusões ideológicas da cultura consumista atual e batalhar pelo equilíbrio ecológico.
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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